O Jornal Zero Hora deste domingo, 11/07 traz uma matéria sobre a "estrada do inferno", 50 anos depois pavimentada. A reportagem é do jornalista Guilherme Mazui. Abaixo o trecho.
Para recuperar as agruras vividas pelos lindeiros da Estrada do Inferno e mostrar as mudanças que vieram na carona do asfalto, um ano após concluído o último trecho de 129 quilômetros, Zero Hora revisita as histórias contadas em reportagens feitas sobre a rodovia desde os anos 1960.
Foram necessários pelo menos cinco decênios de clamores e três décadas de interrupções – por questões políticas, ambientais ou por falta de recursos – para pavimentar a conta-gotas 321 quilômetros de barro entre Osório e São José do Norte. Trecho que, de batismo, recebeu o nome de Estrada do Inferno. Foram tantos anos de atoleiros e cidades bastardas da civilização que dificilmente o trajeto perderá em pouco tempo essa alcunha. Há um ano, no entanto, o inferno foi todo pavimentado.
Foram necessários pelo menos cinco decênios de clamores e três décadas de interrupções – por questões políticas, ambientais ou por falta de recursos – para pavimentar a conta-gotas 321 quilômetros de barro entre Osório e São José do Norte. Trecho que, de batismo, recebeu o nome de Estrada do Inferno. Foram tantos anos de atoleiros e cidades bastardas da civilização que dificilmente o trajeto perderá em pouco tempo essa alcunha. Há um ano, no entanto, o inferno foi todo pavimentado.
Usada pelos tropeiros a partir do século 18, a atual junção da RSC-101 com a BR-101 não recebeu tal apelido à esmo. Por muito tempo foi apenas uma linha de areia, lama e poças, na qual atolar era redundância. Ligava a península, braço de terra entre o Oceano Atlântico e a Lagoa dos Patos, à Capital. A travessia durava até três dias. Viagem que agora consome três horas.
A metamorfose do barro em asfalto estendeu-se por diferentes regimes políticos e planos econômicos. Seis moedas pagaram as construtoras, o que torna inviável sacramentar o investimento. Sabe-se que foram milhões de cruzeiros, cruzados, cruzados novos e cruzeiros reais. Apenas de reais, a obra requisitou mais de R$ 50 milhões.
— Esperar pelo pavimento foi um exercício de paciência que freou o desenvolvimento — suspira Francisco Parobé, 84 anos, prefeito de São José do Norte de 1960 a 1964.
Desenvolvimento na carona no asfalto
Devagar, as cidades foram ganhando a ligação rodoviária. Capivari do Sul, Palmares do Sul e Mostardas em 1993. Tavares em 2001. São José do Norte entre 2008 e 2009. Os períodos refletem na qualidade do asfalto. Por cerca de 80 quilômetros, entre Palmares e Mostardas é impossível passar dos 60 km/h. Crateras com meio metro de diâmetro engolem rodas, molas e suspensões dos desavisados. Já de Tavares a São José do Norte o piso quase reluz.
Na carona do pavimento veio o progresso. A população cresceu até duas vezes acima do 0,8% registrado pelo Estado na última década, e a economia apresentou saltos maiores. Nos últimos 10 anos a península multiplicou seu Produto Interno Bruto (PIB) em taxas até 10 vezes acima da média gaúcha. O de São José do Norte, por exemplo, passou de R$ 66 milhões para R$ 169 milhões.
— Exceto em 2005, quando a agricultura puxou para baixo os índices, a região teve números excelentes. Pena que continuem a chamar o percurso de Estrada do Inferno. O nome poderia ser mudado — sugere Lívio Soares de Oliveira, da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
A metamorfose do barro em asfalto estendeu-se por diferentes regimes políticos e planos econômicos. Seis moedas pagaram as construtoras, o que torna inviável sacramentar o investimento. Sabe-se que foram milhões de cruzeiros, cruzados, cruzados novos e cruzeiros reais. Apenas de reais, a obra requisitou mais de R$ 50 milhões.
— Esperar pelo pavimento foi um exercício de paciência que freou o desenvolvimento — suspira Francisco Parobé, 84 anos, prefeito de São José do Norte de 1960 a 1964.
Desenvolvimento na carona no asfalto
Devagar, as cidades foram ganhando a ligação rodoviária. Capivari do Sul, Palmares do Sul e Mostardas em 1993. Tavares em 2001. São José do Norte entre 2008 e 2009. Os períodos refletem na qualidade do asfalto. Por cerca de 80 quilômetros, entre Palmares e Mostardas é impossível passar dos 60 km/h. Crateras com meio metro de diâmetro engolem rodas, molas e suspensões dos desavisados. Já de Tavares a São José do Norte o piso quase reluz.
Na carona do pavimento veio o progresso. A população cresceu até duas vezes acima do 0,8% registrado pelo Estado na última década, e a economia apresentou saltos maiores. Nos últimos 10 anos a península multiplicou seu Produto Interno Bruto (PIB) em taxas até 10 vezes acima da média gaúcha. O de São José do Norte, por exemplo, passou de R$ 66 milhões para R$ 169 milhões.
— Exceto em 2005, quando a agricultura puxou para baixo os índices, a região teve números excelentes. Pena que continuem a chamar o percurso de Estrada do Inferno. O nome poderia ser mudado — sugere Lívio Soares de Oliveira, da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
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